O espírito dos que já partiram, e do lado de lá nos acenam, persiste na memória dos vivos. E o dele, que há 500 anos criou a Paróquia de São Jerónimo de Real e pouco tempo depois mandou erguer o Convento, imensamente. 

Algures no Convento de São Francisco de Real apor esculpidas as Armas da Fé do seu edificador, o Arcebispo Dom Diogo de Sousa, é o que tem em vista a segunda iniciativa dos Amigos do Convento, a qual, em parceria, será levada a cabo com a União das Freguesias de Real, Dume e Semelhe. Na pedra lembrar Diogo, de forma simples, se lhe chamou.

A almejada cinzelação, que se vislumbra em pedra granítica intocada, se possível não for em antiga do próprio Convento, servirá não só para de forma especial lembrar o prelado por altura da obra de reedificação, mas também para, revitalizando a sua marca pessoal, valorizar o património com recurso a uma ancestral arte artesanal. Daí também LAVRAR A CINZEL AS ARMAS DA FÉ, que aqui se quis enobrecido.

De perfil institucional, a ação pretende envolver, num simbólico mas marcante comum propósito, os Amigos do Convento e as entidades cujo empenho na reabilitação do Convento de São Francisco de Real em boa hora protocolaram, acordo esse de já visíveis bons frutos, entre outras importantes instituições.

Foi num 14 de dezembro que Diogo criou a Paróquia de Real (em 1522). Pelo que no ano em que se celebram cinco séculos da efeméride, e por via disso da Freguesia de Real igualmente, parece ser um bom dia para, descerrando a manual escultura, formalizar o gesto de doação dos Amigos do Convento e assim sinalizar o encerramento das comemorações. Sendo que para tal seja possível, os primeiros passos do intento importa dar o quanto antes.

Que o queiram todos! 

Dom Diogo de Sousa – contemporâneo de Erasmo, Thomas More, Lefèvbre d’Étaples e Josse Clichtove, de Savonarola e Maquiavel, de Leonardo da Vinci e Miguel Ângelo, de Marsilio Ficino, Giovanni Pico della Mirandola e Angelo Poliziano, testemunha da fermentação da Reforma, das guerras de religião e da crise do papado – afirma-se como membro activo da reforma moral, espiritual, intelectual e social do clero e do povo, erguendo bem alto a imagem da Igreja milenar, configurando-a, no seu ministério apostólico, com o Cristo Ressuscitado no seu maior esplendor. Arcebispo e Senhor de Braga, canonista e teólogo, Dom Diogo de Sousa soube imprimir, de forma singular, com a sua uirtus et litterae, o génio cultural do Renascimento na cidade dos homens, a caminho da cidade de Deus.

Nair de Nazaré Castro Soares in O Arcebispo de Braga Dom Diogo de Sousa. "Principe Umanizzato" do Renascimento e o seu Projeto Educativo Moderno.

Levada a cabo, em parceria, com a União das Freguesias de Real, Dume e Semelhe, a iniciativa cultural Na pedra lembrar Diogo conta igualmente com o apoio institucional da Paróquia de São Jerónimo de Real, do Município de Braga, da União das Freguesias de Maximinos, Sé e Cividade, da União das Freguesias  de São José de São Lázaro e São João do Souto, da Freguesia de São Vicente e da Freguesia de São Victor. Conta ainda com o apoio e colaboração do Município de Esposende e do Museu de Arqueologia D. Diogo de Sousa.